Há menos de um mês, o grupo de pesquisadores do InfoGripe, da Fiocruz, escrevia em seu boletim semanal que havia um sinal de alerta às autoridades sobre o coronavírus no Brasil. Naquela semana, no fim de outubro, nove das 27 capitais brasileiras tinham tendência de alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que são um indicador que tem mostrado o avanço da covid-19 na falta de testes.
Passadas três semanas, o cenário ficou um pouco mais grave. Agora, 12 capitais brasileiras registram tendência de alta forte ou moderada nos casos.
Se nas outras semanas a alta ficava restrita sobretudo aos estados da região Nordeste — com exceção de Florianópolis (SC), que vinha em alta constante –, desta vez, estados do Sul e do Sudeste também passaram a preocupar, diz o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.
“Se antes nós tínhamos situações localizadas, agora já vemos um cenário mais espalhado e disperso em todo o país”, diz. “Nós estamos falando sobre capitais, mas temos visto avanço simultaneamente também no interior dos estados.”
O problema do avanço também no interior leva a um cenário diferente da “primeira onda” de contágios, que começou por volta de março. Naquele momento, o vírus entrou no Brasil por meio dos grandes centros — como São Paulo, até hoje a cidade com mais casos — e demorou até se espalhar para outros estados e para o interior. Desta vez, já há casos ativos nesses lugares.
“Em vez de questões localizadas, agora o desafio está disperso no território. Há muitos lugares com situação parecida, não é só mais a capital, o que pode ter um impacto na rede de atendimento. É uma dificuldade adicional para a gente lidar”, diz Gomes.
O Infogripe faz as projeções com base em dados reportados pelos estados ao Ministério da Saúde sobre os casos de SRAG. Os dados são referentes às semanas anteriores ao boletim, com dados da semana epidemiológica 47, encerrada em 21 de novembro.
No combate à pandemia, até que se tenha uma vacina, vale a máxima: fazer cair a curva de contágio é muito difícil e demorado, mas descuidos pequenos podem fazê-la voltar a subir muito mais rapidamente.
“Há uma série de ações que podemos tomar, cada um no seu âmbito: governos, empresas e indivíduos. Nenhuma delas tem capacidade de sozinha erradicar ou frear os contágios, mas esses grupos precisam trabalhar em conjunto”, diz Gomes, da Fiocruz. O cenário em que o Brasil estará nos próximos meses dependerá dos cuidados de todos agora.
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