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Terror na Boa Vista: Onda de Assaltos Expõe Falhas na Segurança e Deixa Comunidade em Desespero

Moradores vivem cercados pelo medo, sentindo-se abandonados pelas autoridades, enquanto a violência cresce de forma descontrolada na Bahia e na região de Feira de Santana.

São Gonçalo Agora
Por: São Gonçalo Agora
18/06/2025 às 11h42
Terror na Boa Vista: Onda de Assaltos Expõe Falhas na Segurança e Deixa Comunidade em Desespero
Povoado de Boa Vista, zona rural de São Gonçalo dos Campos

A rotina de paz e tranquilidade dos moradores do povoado de Boa Vista, em São Gonçalo dos Campos, Bahia, deu lugar ao medo, ao desespero e à sensação de total abandono. Uma onda de assaltos tem assolado a comunidade nos últimos meses, expondo as fragilidades da segurança pública e a ineficiência do Estado no combate à criminalidade, problema que se agrava em toda a Bahia, um dos estados mais violentos do país.

Segundo relatos dos próprios moradores, criminosos estão agindo de forma ousada e cada vez mais violenta. Invasões a residências, ameaças, agressões físicas, roubos de veículos, eletrodomésticos, celulares, cartões bancários e exigências de transferências via Pix se tornaram rotina no povoado. As vítimas vivem apavoradas, trancadas em casa, muitas delas já se veem forçadas a abandonar seus lares por não se sentirem mais seguras.

O terror na Boa Vista não é recente. A primeira invasão, segundo os moradores, aconteceu em junho de 2022. Na ocasião, os bandidos amarraram e amordaçaram uma família inteira, vasculharam todos os cômodos e levaram tudo que puderam: dois carros, celulares, cartões e aparelhos eletrônicos. Além disso, obrigaram as vítimas a realizar transferências bancárias instantâneas, sob forte ameaça.

De lá para cá, o cenário só piorou. Ao todo, 10 residências já foram arrombadas. Os casos mais recentes ocorreram nos dias 27 de maio e 12 de junho deste ano. No episódio de 27 de maio, três casas de uma mesma família foram invadidas simultaneamente. Os criminosos, além de roubarem veículos, computadores, cartões e dinheiro, agrediram fisicamente os moradores. Uma mulher foi ferida com um golpe de faca na região dos seios, e um jovem que tentou reagir acabou levando uma coronhada na cabeça.

O caso do dia 12 de junho também foi marcado por agressões. Os bandidos, sem qualquer receio de serem capturados, invadiram outra residência, exigiram dinheiro, roubaram cartões e agrediram um dos moradores com um tapa no rosto. Para aumentar ainda mais o clima de terror, eles deixaram o aviso: mais casas seriam assaltadas.

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Os relatos apontam que os criminosos atuam geralmente em grupo de quatro, sendo que apenas um deles utiliza máscara. A audácia é tanta que eles parecem não temer a presença da polícia, que, segundo os moradores, limita-se a fazer rondas pontuais no dia do ocorrido e depois desaparece.

"Não há investigação, não há policiamento ostensivo, não há presença do Estado. A gente se sente abandonado, completamente à mercê da criminalidade", desabafa uma das vítimas, que pediu para não ser identificada por medo de represálias.

O reflexo de um problema maior

O que acontece na Boa Vista, infelizmente, não é um caso isolado. É apenas mais um retrato do caos na segurança pública da Bahia, que ocupa há anos o topo dos rankings de violência no Brasil.

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, a Bahia é o estado com o maior número de mortes violentas no país, com mais de 6.200 homicídios registrados no último ano. Na região, Feira de Santana, a apenas 20 km de São Gonçalo dos Campos, é constantemente listada entre as dez cidades mais violentas do Brasil, com índices alarmantes de assassinatos, roubos e outros crimes.

Especialistas apontam que a crise na segurança pública vai muito além da falta de policiamento. Ela é fruto de um modelo falido, que negligencia investimentos em educação, geração de empregos, políticas sociais e prevenção. As promessas de melhorias, geralmente, só aparecem em períodos eleitorais, enquanto, no dia a dia, a população segue refém da criminalidade.

Quando o Estado falha, o medo governa

O sentimento que impera na comunidade da Boa Vista é de medo, revolta e descrença nas autoridades. Famílias vivem em constante estado de alerta, trancadas, mudando suas rotinas, deixando de circular pelas ruas, até mesmo durante o dia.

"A gente não dorme, qualquer barulho na rua já é motivo de pânico. As portas ficam trancadas desde cedo, e a qualquer momento podemos ser a próxima vítima", relata um morador.

A ausência de respostas efetivas das autoridades — sejam elas municipais, estaduais ou federais — evidencia a falência do sistema de segurança pública, incapaz de proteger cidadãos que só querem viver em paz.

Enquanto isso, a pergunta que ecoa na Boa Vista é simples e angustiante: "Até quando vamos viver assim, abandonados, com medo de sair de casa, sem nenhuma proteção?"

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