Quinta, 12 de Junho de 2025
19°C 26°C
São Gonçalo dos Campos, BA
Publicidade

Mansão, R$ 111 milhões por mês, 30 Lamborghinis: a vida do piloto de Pablo Escobar

TJ Dominguez revelou detalhes sobre o império que construiu transportando drogas para o cartel de Medellín

São Gonçalo Agora
Por: São Gonçalo Agora Fonte: Correio
11/06/2025 às 10h51
Mansão, R$ 111 milhões por mês, 30 Lamborghinis: a vida do piloto de Pablo Escobar
“TJ” Dominguez Crédito: Reprodução

 Tirso “TJ” Dominguez, de 73 anos, que comandava os voos clandestinos carregados de cocaína para Pablo Escobar, revelou em um novo podcast que recebia US$ 20 milhões por mês (atualmente, R$ 111 milhões) para trabalhar como piloto do cartel. É a primeira vez que ele concede uma entrevista desde sua prisão em 1988, na Flórida (EUA). O jornal The Guardian teve acesso ao conteúdo completo do podcast Cocaine Air, que traz em detalhes os bastidores da operação e da vida do homem que se tornou uma peça-chave no narcotráfico nos anos 1980. 

 A trajetória de TJ no mundo do crime começou no fim da década de 1970. Após a morte do pai, que construía uma usina de açúcar no Haiti, TJ tentou dar continuidade ao projeto, mas foi enganado por banqueiros em Miami. A partir daí, aprendeu a pilotar aviões e começou a transportar maconha das Bahamas e da Colômbia para os Estados Unidos. Um erro logístico, com o envio de uma carga para o barco errado, quase lhe custou a vida. Ameaçado por traficantes, TJ aceitou a proposta de transportar cocaína como forma de saldar a dívida. O primeiro voo lhe rendeu US$ 1 milhão.

O sucesso da operação e o lucro estrondoso mudaram o foco do piloto, que passou a trabalhar exclusivamente com cocaína. "Eu nunca quis me envolver com cocaína porque os traficantes de cocaína eram os bandidos... responsáveis por todas as mortes [...] Eu não tolero drogas. Nunca usei drogas. Fui vítima de um golpe que me empurrou na direção em que acabei", declarou.

Inicialmente, TJ recusou uma oferta para trabalhar com Escobar. Na época, já ganhava US$ 4 milhões por mês voando para um dos rivais do chefe do cartel de Medellín, fazendo quatro voos mensais. Mas mudou de ideia quando Escobar elevou a proposta: os mesmos quatro voos mensais, por US$ 5 milhões cada. “Vou ser sincero com você: Pablo Escobar não significava nada para mim", contou. "Eu [estava] orgulhoso, eu ando sobre as águas, sabe? Estou ganhando US$ 4 milhões por mês”.

Com o novo acordo, TJ mergulhou em um estilo de vida extravagante. Exibia uma frota de 30 Lamborghinis, escolhendo a cor do carro de acordo com a camisa do dia. Era dono de uma mansão, de uma empresa de celulares, em tempos em que cada aparelho custava cerca de US$ 5 mil, de um conjunto habitacional, de uma empresa de fretamento de aeronaves e de uma concessionária de carros de luxo em Fort Lauderdale. “De dia, eu operava a maior concessionária de Lamborghinis do mundo. De noite, eu transportava toneladas de cocaína para Pablo Escobar”, afirmou.

Continua após a publicidade
Anúncio

Com o tempo, o valor pago pelos serviços se tornou alto demais até mesmo para o próprio Escobar. O narcotraficante passou então a remunerá-lo em cocaína. TJ assumiu o papel de traficante, vendendo o produto, lavando o dinheiro e reinvestindo os lucros. Com uma frota de 30 aviões, ele se transformou em um dos principais operadores aéreos do cartel. “Fiz o que nenhum outro contrabandista havia feito na história do contrabando”, disse. 

 A ascensão terminou em abril de 1988, quando agentes federais invadiram sua casa armados com fuzis e acompanhados por helicópteros. Ele foi acusado de transportar mais de cinco toneladas de drogas para o sul da Flórida entre 1984 e 1985. As autoridades apreenderam mais de 20 veículos de luxo, incluindo Ferraris e Lamborghinis, além de cinco aviões avaliados em quase US$ 3 milhões.

TJ se declarou culpado em 1991 por tráfico e lavagem de dinheiro. Durante os mais de 12 anos que passou preso, passou dois em confinamento solitário. A punição veio após um companheiro de cela denunciá-lo por ter comprado um helicóptero e planejado fugir da prisão. Segundo TJ, a ideia era simples: o piloto pousaria dentro do presídio, ele seria içado e um carro aguardaria do lado de fora.

Hoje, ao contar sua história, TJ afirma que já pagou sua dívida com a sociedade e diz que quer recomeçar como empreendedor legal. A série documental que conta sua trajetória terá oito episódios, com apresentação de Johnathan Walton. O primeiro episódio já está disponível em plataformas como Spotify e Apple Podcasts, em inglês. Os demais serão lançados semanalmente até 23 de julho.  

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
Lenium - Criar site de notícias