Parte do teto da Igreja São João de Deus, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, desabou na noite de domingo (23). O templo, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estava fechado para visitação há seis meses, segundo a Defesa Civil do município. Felizmente, ninguém ficou ferido.
O incidente ocorreu por volta das 20h, e na manhã desta segunda-feira (24), técnicos da Defesa Civil realizaram uma vistoria no local. De acordo com o coordenador do órgão, Pedro Erivaldo da Silva, há risco iminente de colapso total do telhado. A igreja está situada na Praça Doutor Aristides Milton, no Centro da cidade.
"Realizamos uma vistoria preliminar e vamos encaminhar um relatório urgente aos órgãos responsáveis, pois o estado da estrutura é deplorável. A qualquer momento, todo o telhado pode desmoronar", alertou Erivaldo. A Igreja São João de Deus faz parte do complexo da Santa Casa da Misericórdia de Cachoeira.
Fundada em 1729, a igreja funcionava originalmente como o antigo Hospital da Caridade de Cachoeira, criado pelo frei Antônio Machado de Nossa Senhora de Belém. Em 1754, a ordem de São João de Deus, de Lisboa, recebeu o imóvel por doação, e, em 1826, ele passou à administração da Santa Casa da Misericórdia.
Segundo a Defesa Civil, o órgão não foi previamente informado sobre o risco de desabamento. Durante a inspeção, foram identificados diversos problemas estruturais. "Não tínhamos conhecimento da gravidade da situação, pois essa responsabilidade cabe ao provedor da igreja. O estado de degradação é alarmante", ressaltou Erivaldo.
A reportagem entrou em contato com o Iphan, que tombou o templo e seu acervo em 1985, e aguarda um posicionamento sobre o caso. Já a prefeitura de Cachoeira afirmou que a Igreja da Santa Casa da Misericórdia não está sob sua responsabilidade, pois pertence a uma instituição privada.
O episódio ocorre semanas após o desabamento de parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis, no Pelourinho, Salvador, no dia 5 de fevereiro. O caso ganhou repercussão nacional após a morte da turista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, atingida pelos escombros. A Polícia Federal não descarta a possibilidade de responsabilização criminal pela tragédia.