Feira de Santana pode ser considerada uma cidade privilegiada, assim como seus moradores e visitantes que apreciam as artes plásticas. Dois museus oferecem grandes oportunidades para quem gosta de pintura, desenho, escultura e outras expressões artísticas, com acervos vastos para explorar. A arte contemporânea, o clássico, a pintura inglesa e japonesa, além de trabalhos de artistas regionais, estão disponíveis em dois endereços no centro da cidade. Há também a Casa do Sertão como mais uma opção cultural.
Instalado desde 1995 no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), na Rua Conselheiro Franco, sede da antiga Escola Normal, o Museu Regional de Feira, ou Museu Regional de Arte, como alguns preferem, tem uma história interessante e de grande importância para a cultura do município e, pode-se dizer, da região. O Museu Regional foi fundado em 1967, durante o governo do prefeito Joselito Falcão de Amorim (1964/1967), na Rua Professor Geminiano Costa, em um imóvel que fazia parte da estrutura do Campo do Gado, adaptado para esse fim, mantendo, dessa forma, uma forte ligação com a regionalidade da época, quando a cidade se destacava pela imensa feira-livre e pela não menos importante feira-do-gado.
Foi fundamental a participação do laureado jornalista e empresário da comunicação Assis Chateaubriand, dos Diários Associados, que incluíam o jornal baiano Diário de Notícias e a famosa revista O Cruzeiro, a mais importante da América Latina na época. Chateaubriand fez gestões pro-museu e esteve presente no ato de inauguração, ao lado de autoridades e convidados como o embaixador inglês no Brasil, John Russel, e o pintor Di Cavalcanti, demonstrando grande entusiasmo. Mais importante ainda foi a ação desse renomado jornalista, que doou ao museu uma famosa coleção inglesa, composta por 30 telas classificadas como do estilo "abstração formal". Há também uma série de obras de mestres da pintura japonesa, o que internacionalizou ainda mais o valioso acervo dessa instituição.
Intelectual marcado pela enorme simplicidade, o odontólogo e professor Dival da Silva Pitombo foi sabiamente escolhido para dirigir o museu, cargo que ocupou com dedicação por 22 anos, até seu falecimento em 1989. Um detalhe importante no surgimento do museu foi a reunião, sem obstáculos, de obras de pintores famosos nacionais e internacionais, ao lado de um segmento especial que garantiu sua condição de regionalidade. A isso, uma sala foi dedicada ao ciclo do couro, com cama, baús, malas, indumentárias do vaqueiro, botas, chapéus, selas, rebenque e outros objetos que faziam parte da vida do sertanejo.
O Museu Regional de Arte, como já dito, está instalado no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) desde setembro de 1988 e conta com a curadoria do artista plástico Gil Mario de Oliveira Menezes, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), com licenciatura em Desenho e Artes Plásticas pela UFBA. O acervo de telas continua exposto ali, enquanto todo o material relacionado ao ciclo do couro e à vida sertaneja foi transferido para a Casa do Sertão, no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Quanto ao Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira (MAC), que sucedeu o Museu Regional em sua antiga sede, na Rua Professor Geminiano Costa, sob a direção de Geórgia Pitombo, o espaço promove atualmente uma ampla exposição com cerca de 60 obras de seu acervo, proporcionando aos apreciadores da arte a oportunidade de conhecê-las em um ótimo momento no início do ano. Geórgia Pitombo prevê uma programação intensa ao longo da temporada, com base na agenda realizada em 2024, que contou com mais de 100 atividades, incluindo exposições.
Por Zadir Marques Porto