Inicia-se mais um ano, mas, infelizmente, os cenários que se descortinam em nosso país e no mundo permanecem os mesmos. A política nacional segue marcada pelo fantasma da corrupção, pelo desvio de recursos públicos e pela farra das emendas parlamentares, instrumentos muitas vezes transformados em moeda de troca para interesses pessoais e eleitoreiros. Obras que deveriam ser sinônimo de progresso tornam-se vitrines para campanhas, enquanto o povo continua enganado, relegado às migalhas de promessas jamais cumpridas.
Casos concretos de corrupção são vastos e persistentes. Nomes de peso no cenário político são frequentemente associados a esquemas milionários, como o superfaturamento em obras públicas, desvios em programas sociais e uso indevido de emendas orçamentárias. Recentemente, operações policiais expuseram redes criminosas que envolvem parlamentares em acordos obscuros com empreiteiras e fornecedores do governo, provando que, para muitos, o poder é apenas uma ferramenta para enriquecer ilicitamente.
A situação é agravada quando o próprio sistema de justiça, pilar de qualquer democracia verdadeira, apresenta fissuras preocupantes. Juízes e desembargadores que deveriam zelar pela imparcialidade são apontados em escândalos de ativismo político e venda de sentenças. Advogados, que juraram defender a legalidade, aparecem investigados em esquemas que comprometem a credibilidade das instituições. Quando a justiça deixa de ser cega e passa a pender para lados estratégicos, a democracia se torna uma fachada, um espectro mentiroso que apenas simula o poder do povo. É essencial, contudo, reconhecer as exceções: muitos profissionais do Direito, incluindo magistrados e advogados, resistem às pressões e honram suas responsabilidades com integridade.
A criminalidade, por sua vez, evoluiu para um verdadeiro empreendimento. O tráfico de drogas, milícias e organizações criminosas se sofisticaram, atuando como empresas paralelas ao Estado. O mais alarmante é a participação de agentes que deveriam combater o crime: policiais envolvidos em corrupção, esquemas de proteção a facções criminosas e até mesmo no comando de milícias. Entretanto, não se pode ignorar o esforço de muitos integrantes das forças de segurança que arriscam suas vidas diariamente para proteger a sociedade e combater essa teia de ilegalidades.
Mas a corrupção não se sustenta sozinha. Existe uma parcela significativa da sociedade que não apenas tolera, mas também compactua com essas práticas, seja por apatia, interesse próprio ou fanatismo ideológico. A verdade é que muitos brasileiros seguem e apoiam políticos notoriamente corruptos, preferindo ignorar evidências em troca de favores pessoais ou de discursos inflamados que mascaram intenções egoístas. Essa conivência ativa ou passiva transforma a esperança de uma democracia real em uma mentira coletiva, onde todos são, em maior ou menor grau, cúmplices do fracasso.
No âmbito global, a ausência de amor ao próximo e de compromisso com valores espirituais tem agravado uma crise moral que atinge todas as esferas da convivência humana. Religião e fé, que deveriam unir e inspirar, são frequentemente esquecidas ou manipuladas em nome de interesses escusos. Famílias, que antes eram a base sólida da sociedade, encontram-se desestruturadas, arruinadas por um modelo de vida destrutivo, impulsionado por uma cultura de exposição midiática abusiva e superficialidade nas relações.
Este caos, que parece inescapável, exige uma reflexão profunda. Não há soluções fáceis ou rápidas. Enquanto a política continuar a ser campo de batalha para interesses individuais, enquanto a justiça for manipulada como um jogo de tabuleiro e enquanto a sociedade aceitar ou se assemelhar aos corruptos que critica, não haverá progresso real. Além disso, é necessário resgatar os valores básicos de respeito, responsabilidade e fé para que as famílias e a sociedade possam se reconstruir.
Que este ano seja, então, um ponto de partida para mudanças concretas e para um despertar coletivo, antes que seja tarde demais.