Outubro inicia com boa notícia em Gurupá, no Marajó. O escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) acaba de entregar os cadastros nacionais da agricultura familiar (cafs) correspondentes a 70 quilombolas de sete territórios. E eles estão assinando contrato para fornecer alimentos nutritivos e mais saudáveis, de cultivo agroecológico, para famílias carentes do município.

Atendidas pela Emater mais intensivamente há cerca de um ano, as comunidades quilombolas são Maria Ribeira, Pavilhão da Bença, Perpétuo Socorro - Pucuruí, Rio Cojuba, Rio Flexinha, Rio Gurupá-Mirim e Rio Jocojó.

A iniciativa, representada pela Associação dos Remanescentes de Quilombo do Flexinha (Arqf), faz parte do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com a Prefeitura.

A demanda preliminar é de mais de cem toneladas de produtos como açaí, banana e pupunha, para distribuição a partir do Centro de Referência da Assistência Social (Cras). Sob a política pública de comercialização garantida e a preço justo, nos próximos 12 meses as famílias agricultoras devem faturar mais de meio milhão de reais. A Emater também emitiu o caf jurídico da Arqf.

Responsável pela mobilização, o técnico em aquicultura e gestor ambiental, Ronnaldy Aislan Reis, chefe do escritório local da Emater em Gurupá, sinaliza três pilares: eficácia das políticas públicas, valorização das tradições e promoção de cidadania: “Se a gente resumir, são três resultados imediatos: as políticas públicas acontecendo na prática, os quilombolas sendo reconhecidos como agentes de cultura e de trabalho e pessoas vulneráveis socioeconomicamente recebendo comida de qualidade”, contextualiza.

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Atendimento

O atendimento da Emater a quilombolas tem sido uma das estratégias de desenvolvimento sustentável em Gurupá. A principal proposta é sobre manejo de açaizais nativos, por meio de capacitações contínuas e projetos de crédito rural. Neste segundo semestre de 2024, pelo menos quatro famílias devem receber, cada uma, até R$ 50 mil da linha A do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), pelo Banco do Brasil (BB).

Para o supervisor do escritório regional da Emater no Marajó, sociólogo Alcir Borges, especialista em Gestão Pública e Sociedade, o público quilombola em Gurupá é expressivo no extrativismo de açaí e no plantio de mandioca, com destaque para a produção de farinha: “O trabalho da Emater fortalece não só o aspecto da subsistência, em termos de segurança alimentar e nutricional das comunidades e do abastecimento do município como um todo, mas também contribui para o aumento da produtividade e para o acesso aos mercados governamentais, como o PAA”, pontua.

Texto de Aline Dantas de Miranda